Toalhas brancas e o vermelho-vivo do sangue

Julga quem nunca precisou passar pelas mesmas coisas que eu, dá de ombros falsos amigos, acolhe nos braços quem realmente se importa.

Ninguém entenderá, na real, os principais motivos e tão pouco sabe o sabor excitante de libertação que o traz.

Quando o mund

o pareceu não importar-se com a minha vida, percebi que não tinha nenhum amigo para me ajudar. Me vi forçada a fazer por anos algo que eu não queria, e tive que ficar calada, sofrer sozinha, sem jamais compartilhar minha dor com outrem. E essa foi a solução menos radical de todas as que eu cogitei, acredite.

Tente ao menos não culpar-me por meus atos insanos, numa tentativa desfigurada de fugir da dor. Uma louca tentativa de apagar da memória as cenas que passam como flashes de um filme de horror da vida real, a minha vida.

É fácil julgar por tomar as aparências. A máscara que se prosta fronte minha face é perfeitamente esculpida e jamais revelou o rosto cansado, doente e carregado

de ódio que possuo.

É realmente muito fácil achar que umas facas e umas toalhas sujas de sangue são o espelho de uma procura fútil de mostrar-se, ao invés de tentar enxergar que isso foi fruto de uma mente perturbada, sem pejorativos, de um alguém cansado de sofrer e que o faz pois este ato o liberta, faz esquecer a dor emocional para se focar na dor física.

De fato nunca sentiu e passou pelas mesma coisas que eu. Logo, julgar-me fica fora de cogitação.

(Janeiro de 2011)